Mercado de corpos

Estava eu sentado em casa, trabalhando com meus web sites quando meu irmão chega em casa todo tristonho.
-Porra, você num sabe! O Brisa morreu!
Na hora eu já senti aquele giro estomacal pré-disastre.
"Como?" - perguntei, me sentindo meio mal.
-Pegaram ele na porta da casa dele e deram 5 tiros nas costas.
Emudeci.
Meu irmão foi até a sala, sentou-se no sofá com a caeça entre os joelhos e soluçou. Várias vezes.

Para quem não sabe, Brisa é um amigo da minha família. Meu até. Andava com meu irmão e turma desde que os dois se conheciam por gente (ao menos desde que eu me conheço por gente).

A primeira coisa que me veio a cabeça foi a mãe do rapaz. Ela já havia perdido um filho de 12 anos quando eu tinha a mesma idade. Costumava jogar bola com ele e éramos grandes amigos. No dia de sua morte haviamos brigado e eu estava no bar da rua com outros camaradas tomando uma garrafa de tubaína. Soube que ele havia caído do alto de um armazém, com o telhado se desfazendo sob seus pés e corri para vê-lo. Ao chegar ao local, já haviam o levado para um hospital. Uma semana depois, faleceu calmamente em seu leito hospitalar.

Brisa foi morto na porta da sua casa com tiros nas costas, como já foi dito, pela onda de violência que anda assombrando São Paulo nos últimos dias. Ele era carcereiro. Dizem também que foi morto a mando de um marginal encarcerado que o reconheceu e lhe propôs uma boa quantia de grana em troca de drogas e um celular trazidos de fora, oferta essa que ele negou. Na verdade não importa. O que importa é que ele já não esta mais aqui e só falta sua mãe para que a família esteja completa novamente

Bem... a vida é assim.

P.s.: Pesquisando na internet atras de alguma noticia referente ao assunto, descobri um mercado de corpos e cadáveres fresquinhos. se alguém estiver interessado...